O esporte feminino está crescendo e pede aos gritos para ser valorizado como merece. Quer mais igualdade, espaço, visibilidade, patrocínio, transmissões (TV, streaming, rádio etc.) e mais apoio para todas as suas modalidades. Exige que o esporte seja entendido como domínio de todos e não como domínio exclusivo dos homens. Em resumo, demanda seu justo espaço na sociedade.
No passado tivemos diversos destaques femininos em grandes disputas individuais que quebraram o machismo imbuído no esporte. São exemplos:
- Hélène de Pourtalès – primeira mulher a competir nos Jogos Olímpicos vencendo uma prova de iatismo.
- Violet Percy – primeira mulher do mundo a correr uma maratona.
- Maria Lenk – primeira brasileira a estabelecer um recorde mundial e a única do país a ser introduzida no Swimming Hall of Fame.
- Maria Esther Bueno – tenista brasileira duas vezes campeã de Wimbledon.
- Billie Jean King – uma das grandes tenistas da história, que durante sua vida tem assumido um papel fundamental na defesa da igualdade e da justiça social.
É uma luta de décadas não só no esporte, mas também na vida. São inúmeras atletas femininas excepcionais promovendo uma luta para maior igualdade no esporte tanto no Brasil como no mundo inteiro. Hortência, Magic Paula, Lea Campos, Marta, Cris Rozeira, o time brasileiro feminino campeão mundial de handebol em 2013, Fabiana Murer, Serena Williams, Megan Rapinoe, Martina Navratilova, Steffi Graff, Naomi Osaka e muitas mais, que às vezes caem no esquecimento. Infelizmente este blog não daria conta de listar…
Porém mais recentemente e graças às mídias sociais e ao seu protagonismo atual na sociedade, é que mais atletas, organizações e movimentos fundados e liderados por mulheres no esporte têm conseguido dar maior força e voz à sua luta pela igualdade. Podemos citar entre outras, empresas como On Her Turf, More Than Just Balls, Lead Sports Co., Women Sports Foundation, Highlighter, Goals, The Gist, Shotclock, entre outras.
A Togethxr, foi fundada por atletas como Alex Morgan, Chloe Kim, Sue Bird e Simone Manuel. A Just Women Sports é uma plataforma de mídia que cobre exclusivamente esporte feminino e recentemente recebeu investimento de USD$ 3,5 milhões com participação de atletas como Kevin Durant entre outros.
No Brasil, a Dibradoras é um excelente case e exemplo disso.
Não podemos esquecer, porém os avanços conseguidos.
No tênis mundial, as premiações, pelo menos dos Grand Slams, são iguais para homens e mulheres.
No Brasil, a CBF definiu em setembro de 2020 que o pagamento das diárias para os jogadores da seleção masculina e feminina seriam iguais. O Campeonato Brasileiro Feminino cresce graças às marcas que têm investido para o crescimento do esporte e agora já conta com Séries A1, A2 e A3.
Naomi Osaka pela primeira vez na história aparece na lista de melhores atletas pagos com USD$ 55,2 milhões, se colocando na 15ª posição. No ano passado ela já tinha quebrado o recorde com USD$ 37,5 milhões. Isso é uma mostra clara que o esporte feminino ganha cada vez mais terreno não só motivado pela performance esportiva, mas por tudo o que pode trazer em benefícios, para uma sociedade que adoece com o racismo, a desigualdade social e a saúde mental.
Devemos, porém, ir mais longe – é hora de mudar, crescer e se transformar – não podemos continuar eternamente na era predominante do esporte masculino. Devemos dar o devido espaço ao esporte feminino que com números e dados claros fala alto e se posiciona, batendo recordes de audiência na Copa do Mundo Feminina de 2019, nos Playoffs da WNBA de 2020, na Women’s UEFA Champions League de 2021, na final do March Madness Femenino de 2021, na NWSL entre muitos outros.
Esporte feminino não é modinha, é uma luta de décadas. São anos e anos de luta, preparação, profissionalismo que infelizmente têm sido “ignorados” por uma sociedade patriarcal. Devemos derrubar as barreiras como mostram recentes estudos sobre cobertura de esporte nos EUA. De acordo com eles, as atletas femininas hoje só recebem 4% da cobertura por parte da mídia esportiva. Não existem estudos sobre essas cifras no Brasil, mas é provável que seja ainda menor.
O esporte é sem dúvida uma das melhores plataformas de desenvolvimento social e no caso do esporte feminino, seu reconhecimento e valorização podem trazer consigo uma série de impactos e benefícios de incalculável retorno, tanto no âmbito social, como no esportivo. Estamos atrasados para dar a vez para o esporte feminino. Vamos fazer a nossa parte!
*Fonte: Sportico, Dibradoras, Just Women Sports, More Than Just Balls, CBF.
Fontes:
Fontes: BBC Australia, Gazeta Esportiva, G1 Rio.